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Em Portugal, existe um banco onde a moeda não é o dinheiro e sim o tempo.


"O Banco do Tempo funciona como um sistema de troca de ações solidárias. A instituição troca o dinheiro pelo tempo para que as pessoas possam fazer serviços umas para as outras.

Cada membro oferece e recebe um serviço. Por exemplo, tratando-se de um médico, ele pode oferecer uma consulta a quem não tem condições de pagar pelo serviço e, depois, receber um serviço em troca de outro membro.

“Através das trocas e dos encontros, o Banco de Tempo enriquece o mundo relacional das pessoas que nele participam, joga um papel importante na recuperação, em novos moldes, da solidariedade entre vizinhos e no combate à solidão; favorece a colaboração entre pessoas de diferentes gerações, proveniências e condições sociais. Contribui também para o desenvolvimento e partilha de talentos e facilita o acesso a serviços que dificilmente poderiam ser obtidos, dado o seu valor de mercado. O Banco de Tempo suscita questionamentos e incentiva mudanças no modo como vivemos em sociedade”, diz o site do banco.

O serviço é pago com um “cheque do tempo”. Quem prestou o serviço deposita o cheque, que é creditado em sua conta, e pode a partir daí obter serviços oferecidos pelos outros membros do banco.

Cada hora de trabalho prestada por um membro equivale a uma hora de serviço qualquer que ele precise no futuro. O bacana é que todas as horas têm o mesmo valor, independente do serviço oferecido. Uma economia solidária e justa."

Fonte: Revista Pazes

Disponível em: https://www.revistapazes.com/banco-moeda-e-tempo/

Para refletir:  Em Portugal, criaram o Banco do Tempo, uma instituição que visa a troca de serviços entre os usuários, tendo objetivos díspares das atuais entidades financeiras presente no mundo capitalista. Nele o sujeito oferece seus serviços profissionais ou não, e recebe um "cheque do tempo" que é creditado em sua conta, podendo assim ser usado para obter serviços de outros usuários. Em última instância, a solidariedade é a única moeda de troca presente nesta instituição, pois todos os serviços permutados possuem igual valor, independente da especialidade, nível de complexidade ou atividade oferecida. O Banco do Tempo uniformiza o tempos dos sujeitos e transpassa assim as particularidades de cada profissão, promovendo a colaboração entre diferentes gerações e classes sociais.

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Renda básica universal: a última fronteira do Estado de bem-estar social

(Um grupo de pessoas faz fila para entrar em um refeitório social em Madri VÍCTOR SAINZ)
 

“Os testes com salário garantido para todos os cidadãos independentemente de estar trabalhando se multiplicam pelo mundo”.


“Porque aqueles que existem são cada vez menos eficazes diante da desigualdade ou do desaparecimento de milhares de empregos por causa da robotizarão, da economia dos algoritmos e da inteligência artificial”.


“Em vários países da OCDE, apenas uma em cada quatro pessoas que procuram trabalho recebe algum subsídio”, diz Herwig Immervoll, chefe de Políticas Sociais para o Emprego da organização que reúne as nações mais desenvolvidas do planeta”.


“Sob este céu escuro começa o debate da Renda Básica Universal (RBU). Uma renda mínima que todas as pessoas receberiam “simplesmente” por existir”.


“A Renda Básica Universal pode ser uma ferramenta útil diante da desigualdade, mas isso não é o fim da história”, diz Branko Milanović, economista e professor da Escola de Políticas Públicas da Universidade de Maryland”.


“Os críticos da proposta apelam à experiência e ao dinheiro. “Não existe nenhum país neste momento que a esteja aplicando, não há nenhuma prova sólida, prolongada no tempo e com caráter universal para introduzi-la”, critica Miguel Ángel Bernal, professor no Instituto de Estudos da Bolsa de Valores (IEB) da Espanha.

"Um país cuja distribuição de renda tenha muitos ricos e poucos pobres poderia financiar uma renda universal. Mas as economias ocidentais não são assim. Sua distribuição tem um viés para rendas menores e, como resultado, um sistema dessa natureza necessitaria de impostos mais altos, causando problemas econômicos e políticos”, diz Nicholas Barr, professor de Economia Pública da London School of Economics. E conclui: “Uma RBU completa não é viável”.


“Um dos projetos-piloto mais entusiasmantes acontece em Stockton. Uma cidade na Califórnia deprimida pela pobreza, violência de gangues, desemprego e sem-teto. Seu prefeito, Michael Tubbs, de 27 anos, o mais jovem dos EUA e o primeiro afro-americano a ocupar o posto na cidade, tem um palpite. Seu programa-piloto, que começará no outono, consiste em dar 500 dólares por mês a 100 famílias durante dois anos e avaliar os resultados”.


Fonte: EL PAÍS.



Para refletir: A notícia relata a experiência de vários países que adotaram a Renda Básica Universal (RBU) como tentativa de solucionar o problema da desigualdade social ou o desaparecimento de milhares de empregos por causa da robotização. Trata-se de uma renda mínima que todos receberiam independente de estar trabalhando ou não. A notícia também faz alusão ao fato de que a adoção dessa medida pode significar a "última fronteira", ou seja, o fim do "Estado de bem-estar social". O "Estado de Bem-estar Social (traduzido do inglês Welfare Satate)" é uma forma de organização política na qual o Estado tem a função de garantir e organizar a vida social, econômica e política de uma determinada região, com foco no combate e erradicação das desigualdades sociais. No entanto, a notícia sugere que apesar da criação da Renda Básica Universal funcionar como uma forma de combate as desigualdades sociais, ela por si só não resolveria esse problema. Além disso, alguns críticos apontam que nos países ocidentais onde as políticas de estado são voltadas para rendas menores, teriam como resultado, um sistema dessa natureza necessitaria de impostos mais altos, causando problemas econômicos e políticos.

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"Brasil entra na lista suja da OIT"


Retrocessos trazidos pela reforma trabalhista fazem do país uma referência internacional em violações aos tratados de proteção dos trabalhadores
Por Gilson Camargo e César Fraga*
    OIT relacionou o país entre as 24 nações que descumprem as normas internacionais, durante a 107ª Conferência Internacional do Trabalho, em Genebra
    OIT relacionou o país entre as 24 nações que descumprem as normas internacionais, durante a 107ª Conferência Internacional do Trabalho, em Genebra
    Foto: Crozet/Pouteau/ Fotos Públicas
    Em plena crise gerada pela greve dos caminhoneiros, que são uma referência de categoria heterogênea e fragmentada entre contratados, terceirados e quarteirizados, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) incluiu o Brasil na lista de países acusados de descumprir as normas internacionais de proteção dos trabalhadores por conta da precarização das relações e das formas de contratação e enfraquecimento da estrutura sindical criados pela reforma trabalhista.
    A decisão foi divulgada oficialmente nesta terça-feira, 29, em sessão da Comissão de Normas da 107ª Conferência Internacional do Trabalho, em Genebra. A sessão foi acompanhada pelo procurador-geral do Ministério Público do Trabalho (MPT), Ronaldo Fleury e pelo procurador e assessor internacional da instituição, Thiago Gurjão.
    O Brasil entrou no grupo de 24 países, ao lado de Haiti e Camboja, depois de consultas feitas pelo Ministério Público do Trabalho e denúncias de sindicatos contra a reforma trabalhista.
    A OIT integra o sistema das Nações Unidas e possui um comitê que irá analisar a denúncia de violação de convenções internacionais ratificadas pelo Brasil. Em 2017, antes da aprovação da reforma trabalhista, o Brasil chegou a ser incluído na lista mais ampla e preliminar, mas acabou excluído da relação definitiva.
    Exposição do país se deve à reforma trabalhista, ressaltou o procurador-geral do Trabalho, Ronaldo Fleury
    Exposição do país se deve à reforma trabalhista, ressaltou o procurador-geral do Trabalho, Ronaldo Fleury
    Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil
    Para Fleury, a inclusão expõe o Brasil internacionalmente e é fruto da aprovação, de forma açodada, de uma reforma que torna precárias as relações de trabalho no país. “É uma pena o Brasil ser exposto internacionalmente, entretanto, isso é resultado da reforma trabalhista, que só visou a precarização das relações de trabalho, criando formas alternativas e precarizantes de contratação e, principalmente, visando o enfraquecimento da estrutura sindical”, afirma.
    Segundo o procurador-geral do MPT, o movimento dos caminhoneiros mostra como entidades com baixa representatividade entre suas categorias têm dificuldade de negociar: “O Brasil inteiro sente o enfraquecimento da estrutura sindical com o movimento dos caminhoneiros, das empresas, que tem trazido o grande drama de se fazer um movimento muito rapidamente, entretanto não tem como sair dele pela falta de legitimidade, pela falta de representatividade das entidades sindicais dos trabalhadores. Essa situação vai com certeza se refletir nas outras categorias, com a ampla pejotização”, acrescenta Fleury.
    “A inclusão do Brasil na lista de casos vai ao encontro do que o MPT já vinha alertando quanto aos riscos de insegurança jurídica e prejuízos no cenário internacional decorrentes do descumprimento de convenções ratificadas pelo país, com prejuízos para as instituições públicas, trabalhadores, empregadores e a sociedade como um todo”, acrescenta o assessor internacional do MPT, procurador Thiago Gurjão. Segundo ele, o MPT espera que “os mecanismos de supervisão internacionais sirvam de orientação e referência para possíveis alterações legislativas de adequação aos preceitos internacionais, assim como para a atuação dos integrantes do sistema de justiça, responsáveis por interpretar e aplicar a legislação, o que significa necessariamente observar as convenções internacionais ratificadas pelo Brasil”.
    Direito à sindicalização e à negociação coletiva
    "No início desse ano, o Comitê de Peritos da OIT pediu ao governo brasileiro a revisão dos pontos da reforma trabalhista que permitem a prevalência de negociações coletivas sobre a lei. O Comitê confirmou o entendimento de que a reforma trabalhista viola a Convenção nº 98, sobre direito de sindicalização e de negociação coletiva, ratificada pelo Brasil. Foi pedida ainda a revisão da possibilidade de contratos individuais de trabalho estabelecerem condições menos favoráveis do que o previsto na lei. A reforma trabalhista estabelece a possibilidade do negociado prevalecer sobre o legislado, inclusive para redução de direitos. Prevê também a livre negociação entre empregador e empregado com diploma de nível superior e que receba salário igual ou superior a duas vezes o teto do Regime Geral de Previdência Social (RGPS)."
    Centrais pedem revogação da reforma
    "Também fizeram parte da Conferência representantes das centrais sindicais brasileiras: Central Única dos Trabalhadores (CUT), Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Força Sindical (FS)Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST)União Geral dos Trabalhadores (UGT)."
    "Para as centrais, a decisão da confirma as denúncias contra as práticas anti-sindicais do governo que se tornaram ainda mais graves com a tramitação do projeto da reforma no Congresso Nacional, aprovada sem diálogo com as representações de trabalhadores e trabalhadoras, neste caso, violando também a Convenção 144 da OIT. A nota diz ainda “diante da decisão da OIT, os trabalhadores e trabalhadoras brasileiros esperam agora que o governo reconheça a gravidade do erro cometido e faça a revogação imediata da reforma trabalhista”.
    Judiciário trabalhista

    Para o desembargador do trabalho Luiz Alberto de Vargas, do TRT da 4ª Região, a posição do Comitê de Peritos reitera o que o representante do OIT manifestou nas poucas audiências públicas realizadas no Senado: “há aspectos muito preocupantes na reforma trabalhista, que precarizam o trabalho em sentido oposto ao que preconiza a OIT, ou seja, o compromisso dos países com o trabalho decente, aquele que assegura aos trabalhadores um emprego que respeita um padrão mínimo de direitos como previstos nas convenções internacionais ratificadas pela maioria dos países, inclusive o Brasil”.


    Fonte: Extra Classe.


    Disponível em: https://www.extraclasse.org.br/exclusivoweb/2018/05/brasil-entra-na-lista-suja-da-oit/


    Para refletir: o Brasil agora integra o corpo de países da lista suja da OIT (Organização Internacional do Trabalho), tendo como principal promovedor deste fato a reforma trabalhista implantada pelo atual governo. A recente greve dos caminhoneiros também é citada logo no início da matéria, uma categoria de trabalhadores marcada pelas grandes jornadas e péssimas condições de trabalho. A "moderna" reforma imposta pelo governo só contribuiu e flexibilizou a criação e a manutenção de classes de trabalhadores semelhantes aos caminhoneiros. Em outra palavras, ela apenas cronifica e intensifica o processo de precarização das relações/ contratações de trabalho e enfraquece os sindicatos, espalhando uma sombra negra cada vez mais densa e imprevisível sobre o futuro de cada trabalhador brasileiro. 


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    “A felicidade de trabalhar das oito da manhã às três da tarde”.

            (Final da jornada de trabalho na sede da empresa em Madri.)

     "Terça-feira. São 15h no relógio. Milhares de pessoas começam a sair de um edifício em um bairro no subúrbio de Madri. Parece o intervalo para o almoço; na verdade, é a saída do trabalho. Não é um feriado ou o horário especial de Natal. Neste escritório é o cotidiano. Acontece todos os dias desde 2008. Naquele ano, a empresa espanhola Iberdrola concordou com seus funcionários, cerca de 9.000 trabalhadores, em universalizar a jornada intensiva: trabalhar de 7h15 até 14h50 com 45 minutos de flexibilidade à hora de entrar ou sair todos os dias do ano”.

    “Seis anos depois, Castresana, que esteve no comando dessa mudança, defende a decisão com números: “Melhoramos a produtividade e ganhamos mais de meio milhão de horas por ano. Reduzimos as faltas em 20% e os acidentes de trabalho em 15%”.

    “Na parte da manhã, você chega com outra mentalidade”, diz Teresa Roch, 31, que trabalha no departamento de recursos humanos. Depois de algum tempo trabalhando na Escócia, entrou na Iberdrola em julho de 2013”.

     “Quando você faz um horário por 30 anos, é difícil”, disse Castresana. 'É uma grande mudança na cultura de trabalho'. “Posso não fazer a jornada intensiva?”, chegou a pedir um funcionário. Pilates, natação, inglês... Logo depois de se concentrar no trabalho, nos corredores começaram a falar das atividades extra-trabalho. “Não sei se alguém chegou a se inscrever em alguma delas”, brinca Montes. Em pouco tempo, ninguém queria nem ouvir falar de passar a tarde em frente ao computador".

    “Os funcionários tornaram-se conscientes de que precisam aproveitar bem o tempo para fazer seu trabalho e ir embora na hora certa”, acrescenta. “Evitam interrupções e se concentram no esforço. O resultado: maior produtividade”.

    "A nossa vida está marcada pelo tempo. Além das horas de trabalho, que articulam o dia, somos marcados pelo ritmo da vida, a maneira como organizamos nosso tempo livre (horário pessoal), assim como o cronograma da sociedade: aquelas horas que se pode comprar, ir ao cinema ou jantar em um restaurante. “Na Espanha, com mais horas de luz e a possibilidade de realizar atividades quase a qualquer hora, as pessoas não têm tanta pressa para ir para casa”, diz Castresana”.

    “Uma má gestão dos horários de trabalho e a falta de medidas de flexibilidade podem acarretar um impacto negativo significativo sobre as empresas.”

    Fonte: Jornal El País.


    Para refletir: A notícia acima relata a experiência bem sucedida da empresa espanhola Iberdrola ao propor a redução da jornada de trabalho dos seus funcionários. A empresa passou a adotar o horário de 7h15 até 14h50 com 45 minutos de flexibilidade à hora de entrar ou sair todos os dias do ano. De acordo com Ramón Castresana, diretor de Recursos Humanos da empresa, os ganhos propiciados pela medida foram: aumento da produtividade, redução do absenteísmo e dos acidentes de trabalho, fato corroborado com a opinião de alguns funcionários. Segundo a notícia, é importante também ressaltar que a nossa vida está marcada pelo tempo. Além das horas de trabalho, que articulam o dia, somos marcados pelo ritmo da vida, a maneira como organizamos nosso tempo livre (horário pessoal), assim como o cronograma da sociedade: aquelas horas que se pode comprar, ir ao cinema ou jantar em um restaurante. Nas sociedades capitalistas atuais cada vez é diminuída a fronteira entre tempo de trabalho e tempo livre, pois o trabalho tem invadido mais o tempo livre dos trabalhadores por meio da disseminação de tecnologias como celulares e tablets e computadores portáteis. Por isso, vale frisar que a redução da carga horária de trabalho e a separação entre trabalho e vida pessoal são fatores importantes para a promoção da saúde e da qualidade de vida dos trabalhadores.

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    1º de Maio: Dia do Trabalhador

    A imagem pode conter: uma ou mais pessoas 
              Neste dia no qual o mundo faz memória à luta por condições mais dignas de trabalho, o NUTRA (Núcleo de Psicologia do Trabalho) não poderia manter uma postura neutra diante da nossa atual conjuntura laboral.
            Ao escolhermos o trabalho como nosso objeto de estudo ao longo dos nossos 23 anos de existência como um programa de extensão, pesquisa e ensino da UFC, temos observado o deterioro progressivo das condições de trabalho a partir da adoção de uma legislação que faz uso do medo e da dominação do empresariado como elementos de controle sobre a população trabalhadora. A destituição progressiva dos direitos laborais, somadas à crise política que assola nosso país fazem do momento atual um instante de grande risco, aprofundando as desigualdades sociais com extremos representados de um lado pela classe trabalhadora, e por outro, pelas grandes corporações, que associadas aos Estados enfraquecidos, ditam formas cada vez mais limitadas de participação social e atuação democrática.
            As consequências que advirão desse desmonte legal não tardarão em revelar-se, com impactos na saúde e qualidade de vida dos trabalhadores, no debilitamento dos laços sociais e na fratura da sociedade como um todo. É preciso denunciar e discutir em todos os nossos espaços de atuação o que representa o ataque aos direitos duramente conquistados pelas gerações que nos antecederam e que hoje são aniquilados de forma acelerada e dissimulados com outras ações de caráter político, apostando na nossa incapacidade de reação ao volume de ataques que são feitos. Não podemos ceder a apatia, é preciso reagir e lutar na medida da nossa possibilidade, crendo que nossa atuação é cotidiana e disseminada em todos os espaços onde aplicamos o nosso agir.


    Texto: NUTRA UFC.

    #psicologiasocialdotrabalho #diainternacionaldotrabalho #lutastrabalhistas

    "O doutorado é prejudicial à saúde mental"

        (Estudantes da Universidade de Barcelona estudam na biblioteca do edifício histórico da instituição.)             
    "Nos últimos anos foram publicadas diversas pesquisas que alertam sobre o estado de saúde mental dos alunos de doutorado. Um exemplo recente é o trabalho que acaba de sair na Nature Biotechnology, apontando que os doutorandos são seis vezes mais propensos a desenvolverem ansiedade e depressão em comparação com a população geral. Segundo esse trabalho, dirigido pelo pesquisador Nathan Vanderford, da Universidade de Kentucky (EUA), isto significa que 39% dos candidatos a doutor sofrem de depressão moderada ou severa, frente a 6% da população geral."

    "Poderíamos pensar que esses resultados se devem a cortes nas condições de trabalho, ou que sejam algo intrínseco a empregos altamente competitivos, sejam ou não doutorados; entretanto, outro estudo, este realizado pela Universidade de Gent (Flandres, Bélgica), conclui que os doutorandos, em comparação com outros grupos profissionais com alta formação, sofrem com maior frequência sintomas de deterioração na sua saúde mental. “Esta é uma publicação muito importante, porque progressivamente estamos compreendendo que existem problemas de saúde mental entre os doutorandos, e estudos como este nos ajudam a entender melhor suas causas”, afirma Vanderford."


    "Para aprofundar esse tema, Katia Levecque, pesquisadora da Universidade de Gent e primeira autora do estudo belga, reuniu uma amostra de 3.659 doutorandos de universidades flamengas, que seguem um programa muito similar ao do resto da Europa e Estados Unidos, e quantificou a frequência com que os alunos afirmaram ter experimentado nas últimas semanas algum entre 12 sinais associados ao estresse e, potencialmente, a problemas psiquiátricos (especialmente a depressão). Entre essas características estão sentir-se infeliz ou deprimido, sob pressão constante, perda de autoconfiança ou insônia devido às preocupações."


    "Os resultados foram que 41% dos doutorandos se sentiam sob pressão constante, 30% deprimidos ou infelizes, e 16% se sentiam inúteis. Além disso, metade deles relatavam conviver com pelo menos 2 dos 12 sinais avaliados no teste."


    "O estudo também examina se entre os doutorandos existem condições que aumentem as possibilidades de ter ou desenvolver um problema psiquiátrico. Levecque conclui, por exemplo, que o desenvolvimento desses sintomas é independente da disciplina do doutorado, sejam ciências, ciências sociais, humanidades, ciências aplicadas ou ciências biomédicas. Não ocorre o mesmo quanto ao gênero, já que as mulheres que fazem doutorado têm 27% mais possibilidades de sofrerem problemas psiquiátricos que os homens."


    "Outro fator que pode influir na saúde do estudante, nesse caso tanto negativa quanto positivamente, é o tipo de orientador: a saúde mental dos doutorandos era melhor do que o normal quando tinham um mentor cuja liderança lhes inspirava. Pelo contrário, outros estilos de liderança eram neutras, ou no caso dos orientadores que se abstinham de dirigir ou guiar o doutorando — um tipo de liderança laissez-faire — seus orientandos tinham 8% mais chances de desenvolverem sofrimento psicológico. “Mas, além do estilo de liderança, há outros fatores importantes, como o nível de pressão no ambiente profissional, o próprio controle sobre o ritmo de trabalho ou quando fazer pausas, que também estão relacionadas com o orientador. Por isso o orientador é relevante tanto direta como indiretamente para a saúde mental dos doutorandos”, detalha a pesquisadora."                                                                                                          

    "Todo esse trabalho feito pela Universidade de Gante deixa claro que mesmo em países como a Bélgica, onde as condições econômicas são favoráveis, o desenvolvimento do doutorado expõe os alunos a situações tóxicas para sua saúde mental, acima do que é habitual em outros ambientes similares. Sobre isto, Levecque enfatiza o valor de melhorar a assistência em saúde mental aos doutorandos, já que eles são um dos pilares da produção científico-tecnológica em nível mundial; e dá três conselhos básicos: “Em primeiro lugar, forme-se e dedique tempo a conhecer sua própria saúde… e a de outras pessoas. Em segundo lugar, fale de um modo explícito sobre a saúde mental. E finalmente, no nível das organizações, estas deveriam se preocupar com o bem-estar dos seus empregados tanto por razões humanitárias como financeiras: o bem-estar do funcionário e sua eficácia trabalhista estão altamente correlacionados”."

    Fonte: El País.


    Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2018/03/15/ciencia/1521113964_993420.html


    Para refletir: a saúde mental dos doutorandos é colocada em pauta na notícia acima, elencando duas pesquisas que também abordaram o tema em diferentes países. Iniciando o assunto com a manchete da conceituada revista Nature Biotechnology, apontando que os doutorandos são 6 vezes mais propensos a desenvolverem ansiedade e depressão comparados a população geral. No mesmo estudo, dirigido pelo pesquisador Nathan Vanderford (Universidade de Kentucky), ele também chega a esmiuçar os dados, afirmando que daquela população 39% dos doutorandos sofrem de depressão moderada ou severa, contra 6% da população geral. Ao decorrer da publicação são citados diversos resultados para ratificar a mesma ideia: a saúde mental dos doutorandos está em risco. Em outra pesquisa realizada pela Universidade Gent (Bélgica), verificou-se que os doutorandos sofrem mais com depressão, estresse, ansiedade que outros profissionais categorizados com alta formação. Com relação ao gênero, as mulheres aparecem com 27% mais chance de desenvolverem algum transtorno psiquiátrico que os homens. O tipo de orientador e seus estilos de liderança também foram colocados como importantes variáveis no estudo, sendo a área de pesquisa do doutorando (ex.: ciências humanas, exatas ou etc.) considerada como neutra nos achados. Essas pesquisas deixam evidente a necessidade de criar medidas protetivas capazes de melhorar e prover assistência adequada a este público tão importante e, ao mesmo tempo, tão vulnerável em nossa sociedade.

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