1º de Maio: A classe trabalhadora hoje tem algo a comemorar?

Em 1º de maio de 1886 nos Estados Unidos trabalhadores iniciaram uma grande greve na busca pela redução da absurda carga horária que era imposta à classe trabalhadora da época. O governo vigente respondeu com violência aos apelos de milhares de trabalhadores em todo o país. Prisões arbitrárias, julgamentos controversos e logo a morte de operários sindicalistas. Em Paris, em 1889, a segunda internacional homenageia os trabalhadores mortos, conhecidos como os mártires de Chicago, e institui o 1º de maio como o dia do trabalhador. No Brasil, segundo Silva e Ribeiro (1995), a data foi oficializada em 1925, sendo, ao decorrer do tempo, experienciada de forma distinta. Ora com festejo e homenagem organizado por sindicatos e autoridades públicas, ora apenas com debates referentes ao salário e, posteriormente, com uma tentativa de volta às ruas, mas com repressão da ditadura na década de 60.
E quando falamos de hoje, o (a) trabalhador (a) tem motivos para comemorar? Vivenciamos neste momento a pandemia do novo coronavírus, a qual de acordo com a World Health Organization (WHO) (2021) até o dia 30 de abril de 2021 mundialmente eram 150.110.310 casos confirmados e 3.158.792 de mortos. É nesse cenário trágico que a classe trabalhadora se encontra. Abarrotada no transporte público, expostos (as) ao vírus que, em muitos casos, já foi fatal para algum ente querido, os trabalhadores lutam para não se juntarem aos 13,9 milhões de desempregados que o IBGE totalizou no quarto semestre de 2020. É negado às (os) trabalhadoras (es), que tanto contribuíram e contribuem para nosso país, auxílio na renda nesse momento tão desolador no qual muitas (os) perderam seus empregos em vistas das medidas de distanciamento social tão importantes para o combate ao vírus. Vimos nos noticiários trabalhadoras domésticas serem acusadas de trazerem o vírus para a família de seus patrões, serem infectadas e morrerem sem a presença da família, não podendo realizar completamente os rituais religiosos e/ou de despedida de seus entes em seus últimos momentos.
Diante da crise sanitária, social, política e econômica em virtude da Pandemia, estamos vivenciando mudanças bruscas em nossa relação com a vida, com os outros e com nós mesmos. O trabalho, atividade que sempre ocupou lugar central nas vidas de muitas pessoas, hoje para uma minoria pode ser motivo mantenedor de equilíbrio frente ao caos e sensação de desamparo que se vivencia no mercado laboral. Infelizmente, temos percebido que para a maioria da população a situação está sendo bem desafiadora. Dificuldades de adequação ao home office, o medo de continuar saindo para trabalhar com o vírus em circulação, ou pior, ficar em situação de desemprego. Essas são algumas de muitas situações diferentes em que os trabalhadores se encontram hoje. Sem saber o que se pode esperar do futuro, como manter o equilíbrio e reagir a isso tudo? Acreditamos que essa é uma luta coletiva e contínua, como sempre foi! É importante entender que estamos vivenciando um problema complexo e que está fora do controle individual e que exige ações coletivas. Apesar de estarem em situações diversas, há uma reestruturação e intensificação laboral comum a todos os trabalhadores e desempregados, de todos os diferentes setores. Pode essa, ser uma possibilidade de fortalecimento do sentimento de coletividade e cooperação social da classe que vem sendo enfraquecida pelas engrenagens do capitalismo? Essa cooperação é forte o suficiente para gerar uma resistência da classe trabalhadora nesse contexto de crise? Qual o poder dela diante das mudanças no mundo do trabalho que ocorrerão no pós Pandemia?
Hoje, temos que fortalecer a ideia de que a luta e a mudança da realidade laboral são ações coletivas e que precisamos nos unir para cuidarmos de nossa saúde mental também enquanto coletivo.
A classe trabalhadora hoje tem algo a comemorar?
Referência
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Desemprego 2021 Disponivel em: https://www.ibge.gov.br/explica/desemprego.php acesso: 28/04/2021
NASCIUTTI, Jacyara Rochael. Pandemia e perspectivas no mundo do trabalho. Caderno de Administração, v. 28, n. Edição E, p. 82-88, 2020.
World Health Organization (WHO). Who coronavirus (COVID-19) Disponivel em :https://covid19.who.int/ Acesso: 01. Mai 2021.
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