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"Após: Relatos de vivência da pós-graduação"

 



Olá, classe trabalhadora!


     A psicóloga Eveline, integrante do Núcleo de Psicologia do Trabalho (NUTRA) e doutoranda em Psicologia, foi a terceira entrevistada. A pesquisa da Eveline é voltada para os processos de precarização do trabalho a partir da trajetória laboral de trabalhadores de comida de rua e a forma como isso reflete sobre questões ligadas à informalidade e aos discursos sobre empreendedorismo e trabalho por conta própria. 
Para explicar sua pesquisa para pessoas que estão fora do contexto da universidade, a pesquisadora explica que o fato de estudar ao longo dos anos da graduação em Psicologia sobre esses processos de precarização da realidade dos trabalhadores brasileiros a levou a refletir e questionar o discurso empreendedor sempre divulgado na mídia sobre "ser seu próprio patrão" e, assim, obter sucesso no trabalho. Ela explica que esse discurso revela realidades discursivas que são paradoxais e que levaram-na ao desejo de ouvir os depoimentos dos próprios trabalhadores, bem como, conhecer seus cotidianos de vida e trabalho. 
     Para Eveline, a pesquisa em si é maravilhosa, o fato de poder ouvir tantas trajetórias diferentes, os caminhos e descaminhos é um privilégio. A pesquisadora considera que escutar os trabalhadores nos faz repensar nossos próprios achismos enquanto investigadores, sujeitos e trabalhadores. No entanto, o caminho da pesquisa não é fácil, há empecilhos e percalços, principalmente se relacionarmos ao período mais recente da pandemia. Em sua experiência, fazer pesquisa é um trabalho árduo, mas vale a pena todo o percurso. 
     Ademais, se tratando de sua trajetória acadêmica, Eveline diz que poderia ter feito muitas coisas de forma diferente e que isso teria facilitado sua vida, acelerado a pesquisa, a escrita, aumentado a leitura de livros e de artigos. Porém, conclui que tudo é como é e que todo o caminho que fez a trouxe para onde está hoje, seu arcabouço teórico, seu delineamento metodológico, a escuta das histórias de vida desses trabalhadores. 
      A pesquisadora ainda explica que partindo da consideração de que o trabalho ocupa posição central em nossa produção subjetiva, tudo o que nos propomos a fazer é perpassado por ele e por isso pode-se afirmar que o mundo do trabalho repercute grandemente em sua pesquisa. As mais recentes transformações na esfera laboral são pontos importantíssimos em sua pesquisa, isso fica ainda mais evidente ao investigar sobre trajetórias do trabalho, na medida em que se estuda a história de vida dos trabalhadores 
     A dica da Eveline para os futuros pesquisadores é que ao se propor a realizar uma pesquisa de mestrado ou doutorado você deve ter em mente que fazer pesquisa requer gostar de pesquisa. Muitas vezes o percurso da pesquisa fica nublado e o  que te faz seguir em frente é o aspecto afetivo por aquilo que você vem se dedicando há anos. 
   Portanto, nota-se, de acordo com o relato de Eveline, que o mundo do trabalho atravessa profundamente o cotidiano dos indivíduos e como é importante produzir conteúdos sobre este tema e explicita-se a importância de valorizar as pesquisas realizadas no âmbito das universidades públicas como uma forma de promover análises, mudanças e desenvolvimento social.



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