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Trabalhadores de aplicativos. A precarização e seus impactos.


O Brasil hoje tem, cerca de 13 milhões de desempregados segundo dados recentes do IBGE (IBGE, 2019), com isso tem se percebido um aumento considerável no número de pessoas que tem recorrido ao trabalho informal como forma de conseguir seu sustento diário. Esse tipo de trabalho sempre foi uma realidade para o brasileiro de forma geral, visto que não há vagas no mercado de trabalho formal para todos, por isso nos últimos anos as buscas pela atuação no mercado de trabalho informal mostrou-se como uma alternativa para esse público, que não conseguiu sua colocação nos meios formais ou mesmo para os que buscam um complemento de renda e essas possibilidades ainda foram foram atualizadas com o surgimento e aumento das plataformas digitais de serviços. 

As plataformas digitais tem se mostrado como alternativa de trabalho acessível e um meio de conseguir dinheiro “rápido”, isso se dá devido ao grande montante de usuários que recorre a elas pela comodidade que proporciona, esse crescimento traz consigo também a necessidade de pessoas para fazer o trabalho necessário para ela existir. Os trabalhadores que recorrem a essa meio de trabalho, o fazem devido ao fato que essas facilitam o acesso a dinheiro em tempos de crise, e também pela ilusão presente de que este trabalhador não tem patrão, formando um trabalhador just in time, aquele que cumpre a demanda que surge e ganha de acordo com seu trabalho.

Isso pode ser interessante num primeiro momento, pois aquele que estava desempregado há um tempo irá conseguir dinheiro para pagar suas contas, contudo a desvantagem que esse tipo de trabalho tem trazido consigo é o agravo do estado de precarização laboral, a realidade que se apresenta é que esses usos das tecnologias vêm precarizando as relações de trabalho através da sedução de, por exemplo, uma ilusória ideia de liberdade por não ter patrão. “Ao mesmo tempo em que se livra do vínculo empregatício, a uberização (precarização) mantém, de formas um tanto evidentes, o controle, gerenciamento e fiscalização sobre o trabalho”, sem mesmo proporcionar alguma segurança para este trabalhador, estas relações de trabalho segundo Aquino (2008), estaria demarcada por formas cada vez mais frágeis de inserção e permanência no mundo do trabalho. 

Devido a essa realidade precária das relações de trabalho desse trabalhador digital, e o fato deste só ganhar pelo que trabalha, sem direitos adicionais, muitos destes trabalhadores tem se sujeitado a trabalhar várias horas do dia, sem descanso semanal ou mesmo sem nenhuma qualidade ou saúde para conseguir realizar sua atividade laboral, visto que até os veículos utilizados para a realização das tarefas na maioria das vezes pertence ao próprio trabalhador ou a terceiros, esse contexto tem gerado grande o número de acidentes e incidentes relacionados a esses trabalhadores, tais como acidentes no percurso devido à grande carga de entrega ou carga horária elevada, o que acentua no cansaço desse trabalhador ou prejuízos para os trabalhadores devido a perda ou roubo dos veículos utilizados nesse trabalho que é de responsabilidade dos trabalhadores,  entre outras coisas que acarreta prejuízos na saúde desse trabalhador.

Um trabalhador formal está sujeito às mesmas adversidades presente que pode se apresentar nessa forma de trabalho digital informal, mas a diferença gritante que percebemos aqui é a de que, quando algo acontece com alguns desses funcionários digitais, eles mesmos terão que arcar com o ônus do ocorrido, visto que as empresas para qual estes prestam serviço na sua grande maioria não se responsabilizará por essas questões, pois o trabalhador é “seu próprio chefe” seguindo o discurso do empreendedorismo, ao mesmo tempo essas grandes empresas ganham uma porcentagem significativa em cima da atividade desse trabalhador, com isso percebemos que há um desequilíbrio nessa balança e os trabalhadores acabam arcando com todos os prejuízos dessa relação de trabalho.


Para compreendermos esse fenômeno da crescente uberização do contexto laboral, é necessário, uma visão mais ampla dos contextos existentes, e buscar compreender isso é também um exercício de empatia para com esses trabalhadores digitais que estão dispostos a atuar nesse contexto e se submeterem a condições de trabalho que não apesentam quase que nenhuma segurança para a realização de suas tarefas. Ao fazermos esse exercício podemos perceber que o contexto laboral pode sim ser tanto um fator de proteção, que ajudará a melhoras a vida desse trabalhador, quanto um fator de risco, trazendo um adoecimento ou agravando se esse contexto não oferece para o seu funcionário uma forma digna e decente de desenvolver seu trabalho. 

FONTE: 
https://www.em.com.br/app/noticia/economia/2019/03/29/internas_economia,1042184/brasil-tem-13-1-milhoes-de-desempregados-ate-fevereiro-revela-ibge.shtml
http://www.ihuonline.unisinos.br/artigo/6826-uberizacao-traz-ao-debate-a-relacao-entre-precarizacao-do-trabalho-e-tecnologia 
http://webcache.googleusercontent.com/searchq=cache:P8UeDdVDAAwJ:seer.uece.br/%3Fjournal%3Dopublicoeoprivado%26page%3Darticle%26op%3Ddownload%26path%255B%255D%3D140%26path%255B%255D%3D211+&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br

PARA REFLETIR 
O número de pessoas que tem recorrido ao trabalho informal através das plataformas digitais de prestação de serviços aumentou bastante, devido a diversos fatores, porem a precarização que acompanha esses trabalhadores traz consigo diversos problemas, tais como, a falta de suporte do aplicativo para com esse trabalhadores em caso de doença, a falta de estabilidade e segurança no trabalho, a falta de compromisso por parte das grandes empresas donas dos aplicativos, etc. Isso tudo somado a insegurança na prática do trabalho pode trazer grandes prejuízos para esse trabalhador, por isso são necessários questionarmos essas novas práticas laborais, questionarmos esse novo modelo de emprego que tem crescido e como tudo isso tem afetado a saúde desse trabalhador, para que possamos pensar em alternativas mais humana de trabalho e emprego. 

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