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Motoristas e cobradores sofrem com problemas de saúde no Grande Recife

5/09/2012 08h42 - Atualizado em 05/09/2012 09h5

Pesquisa aponta intensas jornadas, em condições não adequadas.Resultados serão apresentados para as empresas de transporte coletivo.


Motoristas e cobradores de ônibus do Grande Recife, além de ter que enfrentar diariamente o complicado trânsito da capital pernambucana, sofrem com intensas jornadas de trabalho e condições não adequadas para exercer a profissão. A constatação é resultado de uma pesquisa que trata sobre a realidade do trabalho na atividade, que será apresentada às empresas do setor de transporte coletivo da Região Metropolitana nesta quarta-feira (5).

A audiência pública para a apresentação dos resultados será realizada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) em Pernambuco, no auditório da Fundacentro, no bairro do Torreão, Zona Norte do Recife. De acordo com a procuradora do Trabalho Vanessa Patriota da Fonseca, foi constatado situações de jornadas de trabalho de 16 horas por dia – equivalente a duas jornadas – além de tempo insuficiente de intervalo para a realização das refeições. “Imagine trabalhar uma jornada dessa, no trânsito insuportável do Recife, com calor excessivo – de 35º C – e ruído excessivo, por conta do motor localizado na parte dianteira, e ainda em assentos nada ergonômicos”, reforçou a procuradora.

A pesquisa – coordenada pelos Laboratórios de Segurança e Higiene do Trabalho da Universidade de Pernambuco (LSHT) e de Ergonomia e Design Universal da Universidade Federal de Pernambuco (LabergoDesign) – tem como objetivo permitir que sejam identificados e medidos os riscos à saúde dos trabalhadores de ônibus urbanos. Muitos funcionários já sofrem fisicamente com a situação de trabalho: a pesquisa aponta que 60% dos motoristas têm dores na parte inferior da coluna e 50% sentem dor no ombro direito, por causa do câmbio não automático. No caso dos cobradores, 78% têm dores na parte inferior das costas e 65% sentem dores na perna, por conta da falta apoio para os pés.

Com os dados, o MPT pretende, na audiência desta quarta, buscar melhorias para a categoria. “Já estamos realizando audiências com o Grande Recife Consórcio [de Transportes], cobrando que eles insiram no edital de licitação algumas questões relacionadas ao meio ambiente de trabalho e segurança e saúde do trabalhador. A partir de então, vamos propor a assinatura de um Termo de Ajuste de Conduta, por meio do qual as empresas se obriguem a cumprir a legislação trabalhista. Caso elas se recusem, vamos ajuizar respectivas ações”, orientou Vanessa Patriota.

O Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros no Estado de Pernambuco (Urbana-PE) confirmou a presença das empresas na audiência desta quarta, mas contou que só deve se pronunciar após tomar conhecimento dos resultados. Denúncias a respeito de más condições de trabalho podem ser feitas na sede do MPT, na Rua 48, no bairro do Espinheiro, ou através do site da instituição.

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