últimas postagens

Vida no Trabalho: Qualificação profissional e preparação de eventos

Participaram deste programa Enéas Arrais, Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Ceará (UFC), e Cássio Aquino, professor do Departamento de Psicologia da  UFC.

O Brasil será sede de dois dos maiores eventos esportivos do mundo nos próximos anos. A Copa do Mundo de Futebol em 2014, e as Olimpíadas em 2016, trazem consigo um grande número de pontos positivos para a economia e sociedade brasileiras, bem como inúmeros desafios. Um deles é a adequada qualificação de profissionais para esses eventos. Diante disso, o Vida no Trabalho convidou para discorrer sobre o tema o professor Enéas Arrais, coordenador da Pós-graduação na área de Educação na Universidade Federal do Ceará. Como debatedor, contamos com a presença do professor Cássio Aquino, do departamento de psicologia da UFC e coordenador do Núcleo de Psicologia do Trabalho (NUTRA).

O professor Enéas inicia o debate esclarecendo as diferenças entre qualificação e especialização profissionais, sendo o termo “qualificação” de sua preferência devido ao sentido etimológico da palavra, que sugere qualidade na formação do ser humano enquanto trabalhador e não se limita ao trabalho como meio de produção. A qualificação tem um aspecto global, de tomada do indivíduo como um ser humano total: sua perspectiva pessoal, cultural, social, além da laboral apenas. É importante que o homem não seja apenas um executor de tarefas e conheça os processos de produção no qual está inserido.

A discussão segue sobre os benefícios que a Copa e as Olimpíadas trarão para o país. Nunca antes se pensou tanto na qualificação de profissionais como no momento presente, no qual esses grandes eventos têm data marcada e precisam que os profissionais estejam preparados até a data de sua realização. O problema da formação profissional de uma forma mais ampla pode ser colocado em foco no momento como necessidade política. Os pontos negativos dizem respeito ao fato de que os empregos provenientes da Copa e das Olimpíadas sejam vistos como solução para o desemprego na juventude. Porem deve-se atentar para o fato de que são oportunidades sazonais, vai haver grande oferta de empregos temporários principalmente na área de turismo, hotelaria e eventos. Diante disso, um planejamento estratégico de longo prazo deve ser considerado como verdadeira possibilidade de solução para a falta de empregos.

O professor Cássio lança o questionamento sobre a capacidade do Estado de planejar e gerir os desdobramentos dessa qualificação profissional voltada para esses dois grandes eventos. Há de haver uma preocupação com a permanência do processo de qualificação. A copa e as Olimpíadas vão gerar essa qualificação, mas seus desdobramentos devem ser planejados, pois, passado o momento desses grandes eventos, os profissionais cairão novamente no desemprego.

Em seguida, o professor Enéas inicia uma discussão sobre a redução da jornada de trabalho acarretando em maior tempo disponível para o ócio, lazer, atividades culturais e artísticas etc. Esse pensamento de redução de carga horária deve ser trabalhado desde a infância na educação escolar, e ampliado para a dimensão social de diminuição do sentido produtivo do trabalho.

O debate segue para o tema do planejamento urbano cujos eventos demandam. O professor Enéas fala que não se deve pensar na extinção das favelas e sim no desenvolvimento de condições dentro da favela. Os investimentos urbanos decorrentes desses dois grandes eventos não resolvem os problemas da cidade, mas podem apontar para o fato de que uma solução é possível. Enéas finaliza trazendo a tona que as mudanças de caráter definitivo relativas ao desenvolvimento das cidades, só serão realizadas quando houver mobilização popular para tal.

Resumo por Emille Melo.
           



0 comentários :

Postar um comentário