últimas postagens

Quem é afetado pela precarização?

Para encerrar a série de cinco entrevistas com professor Cássio Adriano Braz de Aquino, do Departamento de Psicologia da Universidade Federal do Ceará (UFC), coordenador do Núcleo de Psicologia do Trabalho (NUTRA) e vice-presidente da Associação Brasileira de Psicologia organizacional e do Trabalho (SBPOT), traremos nesse post a discussão sobre os grupos mais afetados pela precarização do trabalho e o porquê dessas classes serem os alvos principais desse fenômeno.

STD: Eu gostaria que o Sr. indicasse os grupos sociais que são mais atingidos pelo fenômeno da precarização.

CA: Vou situar isso também dentro dos determinados contextos territoriais. Numa realidade mais universal, mas que coincide com a realidade brasileira, os grandes contigentes que sofrem com os efeitos do processo de precarização são os jovens (até porque a cada dia a inserção do jovem no mercado de trabalhose torna mais difícil), as mulheres e os idosos (compreendendo que, para o mercado de trabalho, as pessoas com idade acima de 50 anos já são consideradas idosas). Esse contingente formado pelos jovens, pelas mulheres e pelas pessoas acima dos 50 anos tem que se submeter ao processo de precarização de uma maneira mais acentuada, porque as oportunidades de trabalho são cada vez mais reduzidas. E, se pensarmos no âmbito internacional, principalmente a partir do processo de globalização, teríamos que inserir os imigrantes. O que, para o Brasil é uma realidade um tanto quanto distante, mas que está se tornando cada vez mais presente. Basta observarmos os fluxos migratórios dos povos latino-americanos, principalmente. Na américa do sul, os bolivianos e os paraguaios, e, entre os asiáticos, os coreanos e os chineses, todos trabalhando, principalmente, nas grandes regiões industriais. O que acontece? Esse pessoal é vítima do processo de precarização por parte dos próprios brasileiros, de compatriotas e de pessoas de países próximos da sua origem. Por exemplo: os coreanos são profundamente explorados pelos chineses. Em algumas regiões de São Paulo os bolivianos são profundamente explorados pelos brasileiros em facções de costuras. Muitas vezes existem 16 ou 17 trabalhadores trabalhando por mais de 10 ou 12 horas dentro de pequenos cubículos, costurando as roupas que nós utilizamos. Se a gente tivesse um pouco mais de consciência desse processo de precarização, veríamos que nós estamos de certa forma, usufruindo e contribuindo para que ele aconteça.

0 comentários :

Postar um comentário